Cerca de 13 em cada 100 casos de câncer no Brasil são causados pela obesidade e sobrepeso, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Há evidência científica que liga o excesso de gordura corporal com o risco aumentado de tumores gastrointestinais como esôfago, estômago, pâncreas, fígado, intestino (cólon e reto) e na vesícula biliar, além de outros tipos de câncer como meningioma, mieloma múltiplo, tireoide e, entre as mulheres, de mama, ovário e endométrio.
Essa relação entre excesso de peso e câncer aumenta a cada ano, principalmente com o aumento da incidência da obesidade na população brasileira.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2006, 42,6% dos adultos no país estavam acima do peso; em 2016, esse número foi para 53,8%. Nas faixas etárias mais jovens também se observa valores preocupantes: uma em cada três crianças, de 5 a 9 anos, está com excesso de peso, assim como um em cada cinco adolescentes entre 10 e 19 anos de idade.
Como a obesidade se tornou um fator de risco sério para o câncer
Por muitos anos, o cigarro era a principal causa de diversos casos de câncer, principalmente de pulmão. Com a adoção de diversas medidas antitabagismo no Brasil a partir do final dos anos 80, como a proibição de sua propaganda, de fumar em ambientes fechados e o aumento de impostos, reduziu-se o índice de fumantes na população.
Nesse período, porém, houve o aumento de outra condição de saúde ligada ao desenvolvimento do câncer: a obesidade, que já é classificada como uma epidemia, com a propagação da doença em larga escala em várias partes no mundo. Especificamente no Brasil, os casos de obesidade cresceram com a transição alimentar que ocorreu no país nos últimos anos, com a substituição de alimentos frescos por ultraprocessados. O "prato típico" do arroz, feijão, salada e carne deu lugar a fast food, enquanto o suco natural deu lugar ao refrigerante ou suco industrializado.
Os riscos da obesidade para a saúde
A obesidade pode ocorrer quando a ingestão alimentar é maior que o gasto energético do corpo. Isso causa um acúmulo de gordura corporal, que passa a aumentar o risco de diversas doenças além do câncer, como alterações cardiovasculares, diabetes, hipertensão, AVC, entre outros.
No caso do câncer, esse risco cresce porque o excesso de gordura no corpo provoca um estado de inflamação constante, o que aumenta os níveis de alguns hormônios e, consequentemente, podem provocar o crescimento de células "com defeito", que podem ser cancerígenas. Por isso, a obesidade pode estar conectada a tantos tipos de câncer mencionados anteriormente, como estômago e intestino.
Como combater a obesidade
A obesidade é uma doença crônica e que pode demandar ações individuais e coletivas para ser combatida. Cada pessoa deve adotar no seu cotidiano a prática de exercícios físicos e uma alimentação mais saudável e equilibrada, com a predominância de frutas, verduras e cereais, evitando o consumo de ultraprocessados e alimentos ricos em açúcar, sal e gorduras adicionadas.
Além disso, é necessário que os países adotem políticas públicas que coíbam o consumo de produtos como bebidas açucaradas e de alimentos com alto teor de sódio e calorias. Outra condição pode ser a restrição de ultraprocessados nas escolas, além das advertências frontais nas embalagens, recém aplicadas no Brasil, que indicam quando um produto possui excesso de açúcar, gordura, assim como a presença de aditivos químicos.
Com a população mais bem informada dos riscos de determinados alimentos e do que a obesidade pode causar, é possível estimar uma redução dos casos de obesidade no país e no mundo. E, dessa forma, poder aumentar a chance de prevenir o câncer.