O pâncreas é um órgão localizado atrás da cavidade abdominal, no chamado retroperitônio. O câncer de pâncreas é considerado raro - corresponde a somente 1% dos casos de câncer registrados anualmente no Brasil.
Mas a dificuldade para ser diagnosticado e o comportamento agressivo do adenocarcinoma, seu tipo mais comum, faz com que esta doença seja responsável por 5% dos óbitos decorrentes de câncer no país, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA). No mundo todo a incidência destes tumores está aumentando. Vamos entender o que está acontecendo.
O tratamento indicado para tumores no pâncreas pode variar de acordo com o estágio da doença e a condição de saúde do paciente, mas entre os procedimentos mais utilizados estão a cirurgia, a radioterapia e a quimioterapia.
Por se tratar de uma doença agressiva, caso uma lesão suspeita seja localizada no pâncreas em exames de imagem (como tomografia computadorizada e ressonância magnética), a cirurgia para remover o tumor já pode ser realizada antes mesmo da biópsia. Na maioria dos casos, no entanto, uma biópsia é feita, preferencialmente por ecoendoscopia, um tipo especial de endoscopia com um aparelho de ultrassonografia acoplado.
Diante desses dois cenários, dá para classificar as cirurgias para o tratamento do câncer de pâncreas de duas formas: como cirurgia potencialmente curativa (realizada quando a doença está no estágio inicial) e cirurgia paliativa (quando o câncer se espalhou e o objetivo é reduzir o risco de mais complicações).
Para saber qual o estágio do câncer e, consequentemente, o tipo de cirurgia mais indicado, o médico poderá optar por uma laparoscopia para conseguir definir o estadiamento da doença. Nesse caso, o cirurgião fará algumas pequenas incisões (cortes) na região do abdômen para inserir os aparelhos laparoscópicos, com uma pequena câmera para que o especialista possa visualizar a região interna do corpo do paciente. A retirada de tecidos para biópsia e a coleta de líquido de dentro da cavidade abdominal pode determinar o quanto o tumor se espalhou ou não.
Cirurgias potencialmente curativas
Estes procedimentos são indicados para doença localizada. Trata-se de procedimentos complexos, mas que quando realizados por equipes especializadas, apresentam menores taxas de complicações e mortalidade. Como o câncer de pâncreas costuma ser detectado em fases mais avançadas (apenas 20% dos diagnósticos são em estágios iniciais), nem sempre esse tipo de cirurgia será indicada.
Entre os exemplos de cirurgia potencialmente curativa está a cirurgia de Whipple. Também chamada pelo nome de duodenopancreatectomia, esse procedimento remove a "cabeça" do pâncreas, assim como estruturas próximas, como a primeira parte do intestino delgado e a vesícula biliar.
Se o câncer de pâncreas está localizado no corpo ou na cauda do órgão, deve ser realizada uma pancreatectomia distal, que envolve também a remoção de linfonodos regionais e do baço. Em casos muito selecionados, uma pancreatectomia total pode ser também realizada.
Cirurgias paliativas
Se o câncer de pâncreas se espalhou para outras partes do corpo, a cirurgia não terá o papel de tratar a doença, mas sim de aliviar sintomas causados por ela. É o caso das cirurgias paliativas, que podem ser optadas, por exemplo, para impedir problemas digestivos, dores e quadros como icterícia (peles e olhos amarelados, que podem ser causados porque o tumor bloqueou o ducto biliar).
Entre os tipos de cirurgia paliativas destacam-se a cirurgia de bypass, com o objetivo de redirecionar o fluxo da bile para o intestino delgado; e a colocação de stent, que busca manter o ducto biliar aberto.
Todos os procedimentos cirúrgicos para tratamento de tumores pancreáticos, devido à sua complexidade, devem ser feitos por cirurgiões oncológicos experientes. Para saber mais sobre a doença, acesse nossa página sobre câncer de pâncreas.